quarta-feira, 6 de abril de 2011

Baudelaire, a alma do outro mundo

Baudelaire foi um homem sombrio, martirizado pelas dores de uma sífilis mal tratada. Morto por ela e suas consequências. Como poeta, foi um gigante. "As flores do mal", livro magnífico em sua concepção, permaneceu proibido na França por vários anos.

Na ilustração deste post, em primeiro plano, Baudelaire. Atrás, como uma sombra enigmática, Edgar Allan Poe. Desconhecido até chegar às mãos de Baudelaire, Poe era um escritor obscuro e esquecido no fundo de um copo de absinto. Baudelaire transformou-lhe no que é hoje, um autor a influenciar gerações. 

Por enquanto, contentemo-nos com um pouco da fragrância obscena e libidinosamente demoníaca das "Flores do Mal".

A ALMA DO OUTRO MUNDO

Como os anjos de ruivo olhar,
à tua alcova hei de voltar
e junto a ti irei sem ruído
na noite de sombra e olvido;

e eu te darei, morena e nua,
beijos frígidos como a lua,
carícias de serpente nova
a despertar da orla da cova.

Chegando o amanhecer sombrio,
verás o meu lugar vazio,
que será sempre frio e quedo.

Como os outros pela virtude,
sobre tua vida e juventude,
quero reinar pelo medo!

(Charles-Pierre Baudelaire, 1821-1867)

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