terça-feira, 24 de maio de 2011

O amor, este belo e cruel paradoxo



O TORRÃO E O SEIXO

"O amor jamais a si quer contentar,
não tem cuidado algum com o que é seu;
sacrifica por outro o bem-estar,
e, a despeito do inferno, erige um céu."

Esse era o canto de um torrão de terra,
pisado pelas patas da boiada;
mas um seixo, nas águas do regato,
modulava esta métrica adequada:

"O amor somente a si quer contentar,
atar alguém ao próprio gozo eterno,
sorri quando o outro perde o bem-estar,
e, a despeito do céu, ergue um inferno."

William Blake (1757-1827)

*A ilustração desse post foi feita pelo próprio Blake, para a primeira edição do seu "The marriage of heaven and hell".

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