quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Da inutilidade de manter um blog

Na história da literatura, são inúmeros os casos de poetas silenciados. Lautréamont e Rimbaud são os mais emblemáticos. Não apenas pela força do que "diziam" em seus versos, mas, sobretudo, pelo gigantesco silêncio que gravitava em torno deles. Fernando Pessoa, poeta mais citado do que realmente lido, dizia que "Somos qualquer coisa que se passa no intervalo de um espetáculo."  Um intervalo de solidões compartilhadas no silêncio do efêmero.
Um silêncio que aumenta com a intensidade da penumbra. Grandes poetas, e poderia citar aqui uma infinidade deles, não são, não foram lidos em suas respectivas épocas. Alguns, nem a posteridade reconheceu, a exemplo de Tristán Corbiére e Julian Laforgue. É sobre este silêncio, esta ausência de interlocutores, a que me refiro quando questiono a inutilidade de um blog. Sobretudo a de um que se disponha a falar sobre literatura, poesia, música, cinema e outras futilidades afins, tão desimportantes no mundo de hoje.

Com a ascensão das redes sociais, muito se fala, muito se discute, a respeito do fim dos blogues, esse anfiteatro cibernético da vaidade humana. Inaugurar, hoje, um blog, é seguir na contramão da pseudomodernidade. Nunca gostei de hegemonias. Sempre me identifiquei com vagabundos e degredados. Talvez por isso, esteja aqui. Ainda que sem leitores. Ainda que silenciado. Mas assim como Rimbaud, Lautréamont e tantos outros, não saberia calar a minha voz. Ainda que esta não esteja à altura grandiosa daqueles.

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