quarta-feira, 30 de março de 2011

Poesia francesa radioativa

Flaubert gostava de afirmar que a literatura seria a única forma de suportar a existência, torná-la menos intragável para os paladares mais refinados. Neste sentido, a literatura francesa sempre foi pródiga para com a humanidade. De Victor Hugo a Proust, de François Villon ao próprio Flaubert, passando por Rousseau, Sade, Artaud, e tantos outros, os franceses sempre ajudaram a mitigar nossos sofrimentos.

Mas é na poesia que a língua francesa estala com mais força o seu chicote. Poetas como Rimbaud, Baudelaire, Mallarmé, Apollinaire e Breton, simplesmente inventaram aquilo que se convencionou chamar de "poesia moderna". Livros como "As flores do mal", "Uma temporada no inferno", "Álcoois" e o poema "Um lance de dados", serviram como um terremoto grau 100 na escala richter da poesia universal. Peço desculpas pelo clichê da comparação, mas foi a imagem mais próxima que me veio no momento.

Influenciaram tudo que se escreveu depois. Talvez por séculos essa influência permaneça. Assim como o plutônio, repousado numa folha de alface japonês, que só nos deixará após 40 mil anos compartilhando nossa existência. A esses poetas "plutonianos", a minha frágil homenagem e perpétua reverência. 

*Na ilustração, Guillaume Apollinaire. E antes que alguém reclame,  Apollinaire nasceu na Itália, mas naturalizou-se Francês, país pelo qual lutou na primeira guerra mundial.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Outro francês que me inspira muito, só que na área da filosofia e também na política, é Sartre...

    Esses poetas podem mitigar os sofrimentos ou expor ainda mais as feridas! Ao lê-los, você é levado a sentir tanto a dor como o prazer...

    "Eu pasmei de invejar tanta pobre criatura,
    Correndo ao hiante abismo, e da alma alucinada,
    Que tem no próprio sangue a embriaguez que procura
    E que prefere a dor à morte e o inferno ao nada."
    -Baudelaire-

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